Desde a passada
sexta-feira dia 18 de Novembro, que está exposta na Biblioteca Municipal Miguel
Torga, a exposição de pintura “De Timor a Miranda do Corvo”, da autoria de
Tchum Nhu Lien.
Tchum Nhu Lien de
Gouvêa Falcão nasceu em Bobonaro, Timor. Criada no seio de uma família
tradicional chinesa, oriunda de Cantão, foi privilegiada por uma educação de
princípios fundamentalmente chineses a par com as culturas portuguesa e
timorense.
Ainda antes de
frequentar a escola, aos cinco anos, iniciou-se em aulas de caligrafia chinesa
com o seu pai, professor de formação. Aos oito anos de idade iniciou a
aprendizagem de pintura artística (aguarela e pintura tradicional chinesa).
Apesar do gosto e notória paixão, nunca se dedicou exclusivamente à pintura, em
virtude da vida itinerante que levou durante anos; só em 1975, fixando
residência definitiva em Lamas, Miranda do Corvo, teve a possibilidade de o
conseguir. A quietude proporcionada desde então permitiu-lhe dedicar o tempo
devido à sua arte. Aqui, a sua sensibilidade oriental logo encontrou motivos e
inspiração, e os trabalhos começaram a fluir naturalmente, reflectindo a sua
maneira muito própria de ver o mundo que a todos nos rodeia. A sua
sensibilidade única transporta as imagens da sua terra natal para a sua terra
de adopção, conjugando-as num harmonioso conjunto.
Desde então até ao
presente, tem apresentado inúmeras exposições, tanto em território nacional
como no estrangeiro, ganhando por onde passa cada vez mais admiradores da sua
técnica e sensibilidade. A sua arte tem vindo a sensibilizar o gosto ocidental
para a arte oriental, usando para tal a sua particular mestria e evidente talento.
É notória a
evolução sofrida ao longo destes vinte anos de exposição do seu talento
artístico, não só pelo natural aperfeiçoamento da técnica que o passar do tempo
obriga, mas pelo estudo e curiosidade que a leva a buscar e apreender
diferentes influências, diferentes estilos, diferentes correntes artísticas. O
estudo dos clássicos contemporâneos é essencial, como se pode constatar pelo projecto
que encetou, do remake da Nossa Senhora da Conceição de Velásquez. Admira o
impressionismo de Monet, o pontilhismo de Seurat, o surrealismo de Chagal, o
cubismo de Picasso, a PopArt de Warhol. Para Nhu Lien, é essencial para
qualquer talento, por maior ou menor que seja, uma base sólida e bem formada de
conhecimento não só da técnica utilizada mas também de todo o movimento
cultural que lhe está subjacente; não basta ter talento e pegar num pincel ou
numa espátula para realizar obras de arte; há que estudar, aprender, ouvir
falar os mestres, observar as grandes obras deixadas para nosso deleite pelos
grandes do passado.
A sua obra reflecte
predominantemente a técnica da pintura tradicional chinesa – uso exclusivo de
materiais importados da China (pincéis e tintas) sobre papel de arroz. Nos
últimos tempos, tem alargado o seu leque técnico, utilizando frequentemente
aguarela, acrílico e óleo.
A exposição estará
patente até 13 de Dezembro 2011.
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