quinta-feira, maio 03, 2012

Necropole medieval encontrada em Miranda do Corvo



Uma necrópole da Idade Média foi descoberta em Miranda do Corvo durante as escavações arqueológicas efectuadas no âmbito do projecto da Rede Urbana dos Castelos e Muralhas Medievais do Mondego, anunciou no passado mês de Abril, a Câmara Municipal.
As escavações arqueológicas foram realizadas na zona do Calvário, onde se situa a igreja matriz, para tentar encontrar a muralha do castelo medieval que ali existiu até finais do século XVIII. "Viemos para escavar um castelo e descobrimos uma necrópole", disse à agência Lusa a arqueóloga Vera Santos, responsável da equipa de campo que, desde o verão de 2011, procedeu aos trabalhos.
A arqueóloga explicou que, em 40 metros quadrados foram identificadas 29 sepulturas, escavadas 25 e "levantados 38 indivíduos", devido a corpos enterrados em sobreposição. Uma necrópole "com tantas sepulturas, com uma ocupação tão extensa, com material osteológico tão bem preservado é rara em Portugal", sublinhou a responsável pelas escavações.

"Quando temos sepulturas escavadas na rocha, em granito, falamos em uma, duas, três, no máximo, e quando se fala em necrópole, falamos em sete. Aqui, falamos em 29 e o facto de ser em xisto é também muito pouco usual e, normalmente, já não aparecem com tampas e com esqueletos", disse a arquelóga, para quem se está, neste caso, "perante uma estação arqueológica digna de registo".

Segundo Vera Santos, a maioria das sepulturas identificadas "são antropomórficas". A arqueóloga considera que esta necrópole "se destaca a nível nacional, pelo tamanho e pela rocha xistosa, pouco usual por se fragmentar muito".

Na actual zona do Calvário, junto da actual igreja matriz, localizava-se o castelo de Miranda do Corvo, que fazia parte da linha defensiva do Mondego juntamente com os de Penela, Germanelo (Penela), Soure e Montemor-o-Velho, importantes durante o período da reconquista cristã.

Do castelo resta apenas a torre - em que no início do século XX ainda era possível vislumbrar as cantarias quinhentistas -, reconstruída sem suporte documental e actualmente em estado de degradação, e uma antiga cisterna. "A transformação desta zona numa pedreira e, depois, as obras realizadas nos anos 60 do século XX, delapidaram o sítio, transformando-o e fazendo esquecer qualquer memória de que aqui tenha existido um castelo, pois apenas sobreviveu a torre sineira, completamente descaracterizada, e a cisterna", sublinhou Vera Santos.

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