António Arnaut classificou o livro de Jaime Ramos como “acto de cidadania” e «uma pedra atirada à consciência de muitos".
O lançamento do livro “Não Basta Mudar as Moscas”, do ex-governador civil de Coimbra, Jaime Ramos, na noite de sexta-feira, lotou o Cinema de Miranda do Corvo, terra que o viu nascer. Com um trio de convidados de peso - o pai do Sistema Nacional de Saúde, António Arnaut, Linho Vinhal, jornalista e empresário da comunicação social e Fátima Ramos, presidente da Câmara de Miranda e irmã do autor – a cerimónia acabou por ser uma reflexão sobre o estado actual da democracia e, em simultâneo, o desfolhar de alguns traços de carácter de Jaime Ramos, revelado através de pequenas histórias do seu percurso.
«Este livro não foi escrito para alcançar qualquer lugar. Este livro foi escrito para incomodar», declarou António Arnaut, considerando que «Jaime Ramos fez uma análise profunda, lúcida e objectiva dos principais problemas do país».
Defendendo que a obra é «um acto de cidadania» que pode ser «uma pedra atirada à consciência de muitos mas, ao mesmo tempo, uma mão estendida a quem estiver interessado em salvar o país», o socialista destacou algumas das sugestões apontadas pelo autor para “restaurar a República”. Uma das mais enfatizadas prende-se com os votos brancos e nulos, que Jaime Ramos defende no livro que «deveriam contar e eleger/não eleger lugares vagos nos municípios, nas juntas, na Assembleia da República». Ideia aplaudida por António Arnaut que afirmou que «a democracia ganhava se o voto branco tivesse representatividade nas cadeiras do Parlamento».
Já Lino Vinhal, mais do que falar sobre a obra, contextualizou-a no percurso de vida de Jaime Ramos, recuando ao tempo em que o hoje presidente da Fundação ADFP foi deputado do PSD. «Foi dos mais novos deputados na Assembleia da República. Era o rapazito aí de Coimbra que mais questões colocou ao Governo sobre a nossa região e não só», contou o jornalista, sublinhando que Jaime Ramos «é chato, é incómodo, não é carreirista» e que uma das suas maiores qualidades é o «elevado espírito cívico que ele tem».
“Democracia não é o que conhecemos”.
«Sentia que vivíamos num Estado em que os nossos políticos estavam delirantes, via um primeiro-ministro continuar a dizer que era preciso fazer uma terceira ponte em Lisboa, que era necessário um novo aeroporto, que era preciso um TGV», considerou Jaime Ramos, esclarecendo o porquê de escrever um livro deste género. Uma ideia que surgiu durante as comemorações do centenário da República, quando o ex-deputado começou a constatar que se faziam «muitos elogios à primeira República, críticas à segunda, mas fechando os olhos ao presente».
«A democracia não é aquilo que nós conhecemos, é aquilo que podemos criar», anunciou, sublinhando que «democracia é o que aconteceu na Islândia», em que a população decidiu não pagar a dívida aos credores externos, através de um referendo. O autor explicou que o livro assenta em «três desígnios nacionais fundamentais», nos quais é necessário intervir, nomeadamente, o envelhecimento da população portuguesa, o «desprezo pelo território» e a balança externa.
A cerimónia presidida por Fátima Ramos, que mais do que presidente de Câmara, falou como irmã, recordando algumas histórias de infância do autor, começou com uma actuação do Grupo Coral da Universidade Sénior da Fundação ADFP.
Notícia de Susana Ramos no Diário de Coimbra de Domingo 17/Abril
Penela: apresentação do livro Não basta mudar as moscas
Sexta-feira, 29 de Abril às 21:00
Local: Centro Estudos Locais e R Salvador Arnaut
Lousã apresentação do livro Não basta mudar as moscas
Domingo, 1 de Maio às 15:00
Local: Biblioteca Municipal
Lisboa Apresentação do "Não basta mudar as moscas"
Terça-feira, dia 10 de Maio, 18h, numa livraria FNAC
Serão oradores António Capucho, Conselheiro de Estado, Ex Ministro e ex Secretário-geral do PSD, e Carvalho da Silva, Secretário-geral da CGTP, comunista.
Vão ser, seguramente, duas excelentes leituras, diferentes, do livro
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