“Durante vários anos prometeram às populações destes concelhos um novo sistema de transportes denominado “Metro Ligeiro do Mondego”.
Por várias vezes alertei os vários governos para a necessidade de uma séria avaliação dos custos do investimento.
Na minha opinião existiam alternativas de modernização do Ramal da Lousã financeiramente menos pesadas e sem necessidade de suspensão do serviço de transportes público/ferroviários em funcionamento ou apenas com suspensões parcelares. Não me quiseram ouvir. Defenderam sempre que o projecto Metro Mondego era o mais ajustado à Linha da Lousã. Não éramos técnicos. Acreditamos nos especialistas.
Em Janeiro de 2010 tivemos o Sr. Secretário de Estado dos Transportes do governo do Eng.º Sócrates numa cerimónia em Miranda do Corvo a consignar as obras.
As obras avançaram, destruíram a linha existente entre Serpins e o Alto de S. João. Os investimentos consignados em Janeiro de 2010 têm continuado e representam vários milhões de euros. Em Junho de 2010 o governo colocou todo o projecto em causa.
Ameaçaram-nos com a paragem das obras, colocação de autocarros tipo BRT, etc., etc. Relativamente às empreitadas em curso suspenderam a colocação dos carris e da catenária.
As pessoas uniram-se e foram até Lisboa explicar a irresponsabilidade de tal decisão. Graças ao empenho de todos conseguimos que o processo estivesse presente na Assembleia da República, tendo sido aprovados vários projectos de resolução. Todos os projectos de resolução aprovados defendiam um sistema sobre carris na linha.
Para o sucesso desta iniciativa foi importante a união de todos: movimento cívico, autarquias, imprensa regional com particular destaque para o Diário de Coimbra e para o jovem Bruno Ferreira que contribuíram para o sucesso da petição.
O Sr. Ministro voltou a prometer a conclusão das obras, apontando 2014 como prazo para a sua concretização. A verdade porém é que não lançou mais nenhuma empreitada nem mandou colocar carris.
A verdade porém é que quando o Sr. Primeiro-ministro, Eng.º José Sócrates, esteve em Coimbra a inaugurar o novo hospital pediátrico também não nos tranquilizou.
Sabemos que a não colocação dos carris implica o pagamento de indemnizações de vários milhões de euros, de acordo com o 1.º relatório elaborado pela comissão de acompanhamento.
As obras consignadas em Janeiro de 2010 têm continuado a decorrer. Sabemos contudo que nunca mais foi dada ordem para colocar carris nem para avançar com os novos troços.
Sabemos que não estamos perante um produto que se compre num supermercado. Por essa razão temos estado pouco tranquilos apesar das promessas.
Hoje, ao ler no Diário de Coimbra a entrevista com a Sr.ª Ministra da Saúde, cabeça de lista do PS pelo círculo de Coimbra, fiquei estupefacta.
Afirmou a Sr.ª Ministra que “voltando à questão do metro, há ali alguns problemas relacionados com os túneis porque pode haver ali um meio de transporte relativamente leve e menos oneroso (autocarros). Esse pode ser o caminho a seguir, mas é preciso ver a compatibilização desse tipo de autocarros com os túneis”.
Estamos perante um atentado. Um verdadeiro caso de polícia. Uma irresponsabilidade. Como é possível voltarmos a falar em autocarros? Nós não queremos ser cobaias.
Em reunião com o Sr. Ministro solicitei que me indicasse locais e linhas similares onde existe este sistema de transporte defendido pelo Sr. Ministro e agora também pela Sr.ª candidata. O Sr. Ministro não conseguiu dar nenhum exemplo.
Estas populações tinham uma linha centenária que funcionava. Em pleno cenário de crise o governo liderado pelo Eng.º José Sócrates destruiu a linha prometendo um sistema mais moderno de transporte denominado tram-train. Tratava-se de um sistema de comboio moderno que permitia circular na linha e na cidade.
É isso que continuamos a querer. Queremos na linha um sistema ferroviário de transporte. As pessoas deste concelho exigem respeito. Nenhum governo tem o direito de destruir um sistema existente que transportava mais de 1,2 milhões de pessoas por ano, investir milhões de euros e depois colocar o projecto em causa.
Vivemos num país com uma grave crise económica e financeira. Nenhum governo tem o direito de destruir, gastar dinheiro de todos nós e a seguir colocar um sistema de transporte pior do que o que existia.
Cada vez mais as famílias vivem com dificuldades. As dificuldades conduzem a uma maior necessidade de sistemas de transporte públicos.
Peço por isso bom senso. Peço responsabilidade. Não compreendo como é que a cabeça de lista do PS por Coimbra vem novamente colocar em cima da mesa a hipótese de autocarros.”
Fátima Ramos
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