Ex.mos Senhores:
Solicitamos a divulgação e acompanhamento de uma nova concentração-protesto do Movimento de Defesa do Ramal da Lousã a ter lugar no próximo domingo, dia 22, desta vez em Miranda do Corvo, junto ao edifício da Câmara Municipal.
A iniciativa deste movimento cívico decorre a partir das 15 horas e tem em vista promover o esclarecimento e tomada de posição dos utentes face ao anunciado encerramento desta linha ferroviária, com graves consequências para as condições de vida de milhares de pessoas dos concelhos da Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra que diariamente utilizam este meio de transporte.
Sob a consigna "Ramal não pode encerrar!, pelo direito à mobilidade para acesso ao trabalho, ao ensino, à saúde", esta acção segue-se a uma outra concentração realizada há dias na estação de S. José, em Coimbra.
Na tribuna pública então organizada vários intervenientes puseram em evidência o facto de os transportes rodoviários ditos alternativos não poderem garantir condições de segurança e de cumprimento de horários, muito menos de mínima qualidade, numa estrada tão sinuosa e estreita, com graves constrangimentos que, nalguns locais, impedem mesmo o cruzamento de veículos ligeiros como sucede em Vendas de Ceira.
Os utentes do ramal não podem aceitar o encerramento do ramal em tais circunstâncias e num tempo de grave crise económica e social, ainda para mais quando está à vista que a anunciada interrupção do serviço por dois anos não passa de uma descarada mentira face à evidente falta de planeamento da intervenção, repartida por uma dezena de empreitadas e sem uma calendarização global coerente e que procure minimizar o período de encerramento.
Caso mais flagrante, como foi referido, será o do parque de manutenção e oficinas, decisivo para o arranque e funcionamento de todo o sistema, cujo concurso ainda nem foi lançado e do qual nem se divulga qualquer informação.
Aliás a falta de informação tem sido uma constante em todo este processo e que é bem chocante no caso dos transportes para substituição do comboio, de que se conhecem os abrigos e pouco mais, não obstante o MDRL já ter apresentado uma reclamação junto da CP, que continua sem resposta.
Exigimos respeito pelos utentes: mobilidade é vital para acesso ao trabalho!
O projecto Metro Mondego foi sempre desenvolvido sem cuidar de ouvir os utentes do centenário ramal ferroviário Coimbra-Serpins, descurando completamente os seus legítimos interesses e necessidades quanto a mobilidade.
É um projecto onde são bem evidentes as pressões de “lobbys” do sector imobiliário e de outros grandes interesses na área das grandes empreitadas, transporte rodoviário e fabrico de material circulante.
Neste contexto, assume maior gravidade a falta de consideração das autarquias de Lousã, Miranda e Coimbra pelos interesses dos seus munícipes que são utentes diários do ramal ferroviário, que não cuidaram de ouvir quando “embarcaram” neste processo, nem nas suas sucessivas e contraditórias fases.
Ao contrário do que tem sido afirmado, o encerramento do ramal ferroviário não é uma inevitabilidade, pois há alternativas técnicas para uma modernização e electrificação deste meio de transporte que não obrigam ao seu encerramento.
Alternativas que, além de serem mais favoráveis aos utentes, são mais amigas dos contribuintes, do ambiente e do interesse público, com maior racionalidade económica quanto ao investimento em infra-estruturas, material circulante e futura exploração.
Isso mesmo ficou esclarecido no debate público organizado pelo MDRL, com a participação do Prof. Dr. Manuel Tão e outros especialistas, onde ficou bem evidente ser um "disparate técnico" implantar um metro ligeiro numa linha ferroviária de montanha.
Por isso, o Movimento de Defesa do Ramal da Lousã vem insistindo na necessidade de uma avaliação de outras alternativas técnicas que permitam a modernização do Ramal da Lousã sem pôr em causa a mobilidade dos milhares de utentes que diariamente utilizam este meio de transporte.
Mobilidade que é uma necessidade vital para o nosso acesso ao trabalho, ao ensino, aos cuidados de saúde e que não deve, não pode, ser sacrificada num projecto cheio de contradições, com objectivos ainda mal esclarecidos, pressionado por interesses de negócio ou outros menos claros.
O transporte ferroviário urbano e suburbano desenvolve-se e moderniza-se em cidades como Lisboa, Porto, Braga, Guimarães, enquanto noutros locais se reabrem linhas desactivadas como sucedeu em Leixões e Vendas Novas. A anterior secretária de Estado dos Transportes chegou mesmo a afirmar que já lá vai o tempo de encerrar linhas ferroviárias.
Por isso questionamos:
- Que poderosas forças ou interesses impedem o desenvolvimento da ferrovia ao serviço das populações na região de Coimbra?
- Não será um crime a destruição de uma linha ferroviária que serve tantos milhares de utentes e com tantas potencialidades para o futuro desenvolvimento da região interior do distrito?
A Comissão Promotora do
Movimento de Defesa do Ramal da Lousã
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