sábado, novembro 28, 2009

O Ramal da Lousã

“Está em festa a Lousã. A partir de hoje, tem lugar no mundo activo e febril da civilização; ficam-lhe abertas as portas de todos os grandes centros da actividade humana (…) A partir de hoje tem a Lousã o seu caminho-de-ferro” (excerto do jornal “Louzanense” de Dezembro de 1906).

A construção do Ramal da Lousã foi oficialmente anunciada por Portaria no reinado de D. Luís I, no ano de 1873. Em 1887 foi concessionada à firma Fonsecas, Santos & Viana uma linha de via reduzida entre Coimbra e Arganil, com passagem por Miranda do Corvo e Lousã. Esta mesma empresa solicita a substituição da via reduzida por uma via larga tendo em mente o possível prolongamento do Ramal da Lousã até à Covilhã, na Linha da Beira Baixa. Logo no ano seguinte, um segundo alvará atribui a concessão da via à Companhia do Caminho de Ferro do Mondego, que em 1897, declara falência. Os trabalhos de construção do troço de linha entre Coimbra e Lousã, numa extensão de 29 km, tiveram início em 1889 e prolongaram-se por dezassete anos. A chegada da primeira locomotiva foi comemorada com pompa e circunstância, o dia 16 de Dezembro de 1906 foi de festa para a Lousã, “houve grandes festejos – muita música e muitos foguetes, tendo afluído ali enorme quantidade de pessoas”, como relatava à época o semanário “A Comarca de Arganil”.

No ano seguinte, em 1907, foram feitas as primeiras tentativas de dar continuidade à obra, prolongando a sua extensão até Góis e Arganil, objectivo que nunca viria a ser concretizado para além de Serpins, devido à mudança da monarquia para a república, ao deflagrar da I Grande Guerra Mundial, às graves crises económicas e sociais que agitaram o início do Século XX e ao <<>> da bolsa de 1929, que teve graves repercussões da economia mundial. A inauguração do troço Lousã – Serpins ocorreu no dia 10 de Agosto de 1930 e apesar dos protestos dos habitantes de Arganil, até hoje a ligação não foi concluída. Na década de 50 chegou-se a falar da ligação do Ramal da Lousã ao Ramal de Tomar, concretizando a ligação à linha ferroviária nacional, mas tudo não passaram de meras conjecturas.

Em Novembro de 1952, graças ao Plano Marshall e a outros empréstimos a CP procedeu à aquisição de 41 automotoras DMV Allan CP 0301V21, com a pintura vermelha, que entraram ao serviço em 1953-1954 e circularam no ramal durante cerca de 50 anos! Estas foram objecto de recauchutagem, nas oficinas da EMEF, em 2000, onde foi reaproveitado o chassis e implementada uma carroçaria moderna de cor verde e o seu interior objecto de modificações, tendo sito introduzido o ar condicionado.

Nos finais dos ano 70, a CP adquiriu à Renfe, automotoras usadas, que acabaram de sair de circulação, pouco tempo depois, após múltiplos problemas!

Em 1996 é constituída a Sociedade Metro Mondego, Hoje, 13 anos depois, o metro ainda não saiu do papel, tendo apenas algumas casas ido abaixo em Coimbra, em obras que não parecem ter fim à vista. Desde sempre a construção deste tem estado envolvida em polémica.

Desde 2005, nalguns horários, a CP introduziu as automotoras que circulavam na Linha da Amadora, permitindo nas horas de ponta o transporte de mais passageiros.

Para a linha da Lousã estão projectadas obras de remodelação, designadamente de electrificação, para permitirem a circulação de comboios mais rápidos e seguros e a instalação do tram-train (no âmbito da criação do metropolitano ligeiro de superfície em Coimbra e a sua articulação com a rede ferroviária da região). A nova linha terá um cumprimento de 37 quilómetros, sendo constituída por dois troços distintos: um urbano/suburbano entre Coimbra B e Ceira e outro de carácter regional entre Ceira e Serpins. O Ramal da Lousã é utilizado por mais de 100.000 passageiros por ano e estende-se ao longo de 37 KM, em via única, de Coimbra-Parque a Serpins, com passagem por :

(Coimbra-B - km 0,0 (Linha do Norte)

Coimbra - km 1,9)

Coimbra-Parque - km 2,8

São José - km 4,8

Carvalhosas - km 6,9

Quinta da Ponte - km 8,0

Conraria - km 8,8

Ceira - km 9,9

Vale de Açor - km 11,4

Trémoa - km 14,5

Moinhos - km 17,0

Lobases - km 18,4

Miranda do Corvo - km 21,1

Padrão - km 24,8

Meiral - km 28,0

Lousã-A - km 29,9

Lousã - km 30,7

Prilhão.Casais - km 34,9

Serpins - km 36,9

O Ramal tem 3 pontes, da Portela, sobre o Rio Mondego, com 27 metros de comprimento, de Almalaguês, com 25 metros e a de Ceira com 140 metros. Túneis são seis, a saber: Vale de Açor (282 metros), do Toco (60 metros), do Vale Mancabo (112 metros) do Passareiro (125 metros), do Carro (59 metros) e o de Miranda do Corvo (122 metros.

O cruzamento de comboios é feito em Coimbra-Parque, Ceira, Miranda do Corvo, Lousã e Serpins.

O comboio para além de possibilitar o desenvolvimento económico da região, concelhos de Miranda do Corvo e Lousã, possibilitou a expansão destas duas vilas, na década de 90, devido às casas serem mais económicas, do que em Coimbra.

A nível nacional, a CP aposta tudo por tudo na alta velocidade, no TGV, em prejuízo dos pequenos ramais, ponderando a breve prazo encerrar a título definitivo as linhas do Sabor, do Corgo e do Tua, condenando o interior à desertificação humana. O TGV só servirá as populações dos grandes centros urbanos que é o caso de Lisboa e Porto para além disto o preço do bilhete para andar no TGV está previsto inicialmente de 200 euros. O ramal da Lousã acho que será mais importante porque serve mais pessoas e penso que será mais rentável tanto a nível económico como a nível político. Actualmente já foram inauguradas plataformas interfaces é o caso em Ceira, Miranda do Corvo e Lousã. Penso que essa plataforma também seria necessário em Coimbra-Parque para que quando as pessoas saiam do comboio pudessem de imediato apanharem um autocarro para o seu destino de trabalho para isso acontecer deveria existir um entendimento entre as diversas entidades (SMTUC, CP, Transdev, Metro Mondego.).


Ao contrário, da restante Europa, onde se investe cada vez mais, no caminho-de-ferro, relegando o alcatrão para segundo plano, melhorando o traçado, os horários, o material circulante, aumentando o número de composições e a comodidade destas.
Recentemente, a Áustria e a Suíça impuseram barreiras à circulação aos camiões TIR, favorecendo a deslocação de mercadorias através dos caminhos-de-ferro, por cá encerram-se linhas e cais de mercadorias.

O cais de mercadorias de Miranda do Corvo encerrado há uns anos foi destruído, em nome do progresso.

Quero ver quando as mercadorias passarem a circular de novo por via-férrea como vai ser?

Passará o mercadorias em frente ao Dolce Vida? Ou arrancarão de novo os carris?


1 comentário:

Anónimo disse...

Portugueses:O RAMAL DA LOUSÃ,pelo que vi nas fotos é um espétaculo!Estações,apeadeiros,túneis pontes,as gares.Só incompetentes é que mandam destruir uma linha,que segundo dizem tinha um movimento de passageiros superior a um milhão por ano.É urgente colocarem perto de 70000 travessas de betão,com bitola 1,668m a mais segura no Mundo.A linha eletreficada.Reparar estações,pontes e túneis.Duas ou tres unidades de dois pisos,se a medida dos gabarites dos túneis,for sufeciente.Com velocidades na ordem dos 90km/h,não serão necassários cruzamentos.Mais com carruagens de dois pisos os preços dos bilhetes podem ser reduzidos perto de 20%e a C P terá lucros.No comentário não dá para explicar as razões.A VIDA DUM PASSAGEIRO NÃO TEM PREÇO.Ex chefe de estação e de combóios na Estrela de Èvora.Mauricio Arrais.Abrantes.1/2/2012.

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