“A CP apresentou um orçamento para 2011 com cortes radicais no pessoal e nas linhas menos rentáveis, inclusive deixando de providenciar transporte rodoviário em dias de greve. Mas o problema da dívida piora com novos empréstimos para pagamento dos juros.
CP vai deixar de assegurar alternativas em dias de greve
Nem a subida do preço dos bilhetes - cerca de 5% em todos os serviços urbanos e 4,5% nos serviços Alfa e Intercidades -, nem a diversificação dos produtos que passarão a ser vendidos em regime de prestação de vendas a terceiros mediante comissão (adesão ao payshop, venda de bilhetes para espectáculos, eventos, livros, guias turísticos, entre outros) serão suficientes para aumentar as receitas da CP, em 2011.
Os cortes previstos no Plano de Actividades Orçamentais 2011 da CP, a que o JN teve acesso, são consideráveis. Ao todo, a empresa de transportes ferroviários nacional vai congelar as admissões e gastar 26 milhões de euros para rescindir contratos com 815 trabalhadores: 239 trabalhadores na CP (3 no Porto, 14 em Lisboa, 18 no longo curso, 58 no regional, 25 na frota, 87 nos serviços e 34 no centro corporativo); 468 na EMEF; 3 na Ecosaúde; 32 na Fernave; e 13 na Fergráfica. O objectivo é "racionalizar os Recursos Humanos directos e corporativos", de forma a "alcançar, tão breve quanto possível, o equilíbrio económico-financeiro da actividade".
Na verdade, segundo o mesmo documento, a dívida da empresa ascenderá, em 31 de Dezembro deste ano, a 3,3 mil milhões de euros. Mas, daí a um ano, mesmo com os cortes que o plano propõe, a mesma dívida será ainda superior: 3,5 mil milhões de euros. "Embora a actividade normal liberte cerca de cinco milhões de euros, as necessidades de financiamento são bem superiores, em particular os juros da dívida", lê-se. Assim, durante o ano de 2011, serão necessários novos empréstimos no valor de 633 milhões de euros, dos quais a maioria é para amortizar dívida. A CP planeia financiar-se junto do Tesouro ou pedir autorização para emitir obrigações públicas.
Com excepção de "imperativo legal", a CP deixará de providenciar transporte rodoviário em dias de greve e vai, também, cancelá-lo nalguns trajectos onde já houve serviço ferroviário, como no Tua, Corgo e Tâmega, na Lousã, em Coimbra-Figueira da Foz (por Cantanhede) e entre a Covilhã e a Guarda. Haverá cortes em circulações e linhas que deixam de ter exploração (ver infografia), numa tentativa de "adequar a oferta à procura" e aumentar a ocupação média das composições.
A empresa vai, ainda, diminuir custos ou eliminá-los completamente nas rubricas de limpeza, quer nos comboios, quer nas instalações, e de combate ao vandalismo, nomeadamente em vigilância e segurança.
Na CP Porto, a empresa prevê, no próximo ano, um aumento do número de passageiros transportados, apesar de os quilómetros diminuírem ligeiramente. Já em Lisboa, a procura deverá crescer 0,7%, principalmente nas linhas Sintra/Azambuja e Cascais, em "consequência do incentivo à validação do título de transporte". Em 2011, a luta à fraude promete ser reforçada pela CP.
Estas medidas foram apresentadas no âmbito de um plano de redução de custos que, a par da CP, todas as empresas do Sector Empresarial do Estado (SEE) apresentaram ao Governo.
Com estes planos, o Governo pretende reduzir, em termos globais, 15% nos custos operacionais das empresas do SEE, o que poderá representar uma poupança anual de 1,6 mil milhões euros.”
Fonte: JN
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