terça-feira, abril 10, 2012

Um livro pode ser um olhar crítico sobre o projecto Metro Mondego

 
Carlos Encarnação e João Rebelo lançaram em meados de Janeiro deste ano, em Coimbra, uma obra em conjunto que é um “olhar crítico sobre o projecto Metro Mondego”.


“Como não decidir uma obra pública – Um Metro da Razão ao Erro” é o título do livro escrito por Carlos Encarnação e João Rebelo. Pelos autores passaram alguns dos principais momentos dos últimos anos da história do Metro Mondego. O estabelecimento, pelo Estado, das bases de concessão da Metro Mondego, S.A; a passagem do projecto a parceria público-privada; o lançamento do concurso público para concepção, construção, financiamento e manutenção do metro ligeiro; o início das demolições na Baixa de Coimbra; a apresentação do Sistema de Mobilidade do Mondego; a inauguração dos interfaces Ceira, Miranda do Corvo e Lousã; a integração da Metro Mondego na REFER…
É para contar a história de “uma obra exemplar na forma como não se deve decidir uma obra pública” que Carlos Encarnação, ex-presidente da Câmara Municipal de Coimbra e da Mesa da Assembleia-Geral da Metro Mondego, e João Rebelo, ex-vereador e representante da autarquia na Metro Mondego ao longo de vários anos, escreveram o livro “Como não decidir uma obra pública – Um Metro da Razão ao Erro”, uma obra escrita a duas mãos, por dois protagonistas do projecto, apresentado no passado dia 16 de Janeiro, no Pavilhão de Portugal, em Coimbra.
“Trata-se de um processo extraordinário. Chega a ser escandaloso que uma obra pública possa ser decidida assim, ao longo do tempo, e ter este desfecho”, afirma Carlos Encarnação, não encontrando outro título mais indicado para uma obra que passou “por uma quantidade de governos, se protelou por um número de anos extraordinário, de onde, agora, ninguém sabe como sair”.
“Quando havia fundos comunitários, não havia decisão. Quando havia decisão, não havia acordo. Quando havia acordo, não havia dinheiro. Andámos neste ciclo vicioso de vários anos até chegarmos à última decisão, de recurso ao crédito, que foi tomada da pior maneira”, resume.
O que pretendem Carlos Encarnação e João Rebelo com esta obra, lançada pela Almedina Editores, é, primeiro, esclarecer que ambos são “defensores do eléctrico rápido do século XXI”, em detrimento “da solução ferroviária do século XIX ou da automotora do século XX”. Depois, o livro, com 224 páginas e em que recorrem a documentos decisivos para o projecto, é essencialmente “um olhar crítico” dos dois responsáveis “sobre o que se passou este tempo todo”.
No fundo, como garante, sem se demitirem dos cargos que ocuparam e das responsabilidades que tiveram no projecto, os autores consideraram que seria “um acto de cidadania” e uma “obrigação histórica” trazerem “à luz do dia” documentos que “ajudassem a compreender a posição da Câmara de Coimbra e dos dois, em particular, na defesa do projecto, assim como as decisões dos diferentes governos”.
É preciso ter presente que nos vários anos da Metro Mondego, estão envolvidos cinco presidentes do Conselho de Administração, seis primeiros-ministros, 12 ministros das Obras Públicas, oito secretários de Estado dos Transportes e cinco presidentes da Câmara Municipal de Coimbra. “Todos os processos de metro mais recentes demoraram para cima de dez anos a ser resolvidos, Mas este é mais difícil, intrincado, complexo”, constata Carlos Encarnação.
Defender o projecto como um todo é, antes de mais, o grande objectivo, Carlos Encarnação diz-se solidário com as populações de Miranda do Corvo e Lousã, que ficaram sem a “sua” ligação ferroviária. Mas considera que “a questão não é essa”. “É imperioso ver o projecto como um todo e garantir a sua sustentabilidade”, afirma o ex-autarca, garantindo, como diz ficar demonstrado no livro, que a sustentabilidade do Metro Mondego “só se alcança pelo desenvolvimento do serviço e traçado urbano”.
Quem vir dados do livro, vê bem a distribuição dos défices de exploração e facilmente perceberá”, acrescenta.
Carlos Encarnação, não tem dúvidas de que o futuro de Coimbra ficará comprometido se o projecto não avançar ou se ficar pelo troço suburbano.

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