Ou Coimbra, Lágrimas de Nostalgia, poderia ser também o título.
É com mágoa profunda que vejo encerrar as portas de inúmeros estabelecimentos comerciais que faziam parte da memória da Lusa Atenas.
Nos últimos 25 anos fecharam portas: os Cafés Brasileira (café centenário), Arcádia, a Barbearia Universal de Basílio Diniz (barbearia com 100 anos de história), a mítica discoteca Valentim de Carvalho, localizados na Rua Ferreira Borges, em Coimbra.
Fecharam também portas ao público as salas de cinema do Avenida, do S. Teotónio, do Sousa Bastos e do Tivoli (que deu lugar primeiro à Zara e depois a outra loja congénere).
Hoje fala-se tanto em comércio tradicional e nada se faz para manter os espaços e lojas existentes na Baixa e Baixinha da cidade de Coimbra.
Pelo contrário, com o passar dos anos vemos fechar casas que faziam parte da memória duma cidade. Há quem se questione que a baixa não gera movimento e que está deserta, pois os conimbricenses preferem outras paragens, porquê?
A baixa da cidade está descaracterizada, com tanto pronto-a-vestir, lojas de lingerie e perfumarias pertencentes a cadeias internacionais e a franchising.
As grandes superfícies (Continente, modelo, Pingo Doce, Makro, Jumbo, Lidl e Carrefour) tomaram de assalto a cidade.
Já não há lugar para os pequenos comerciantes.
É com profunda apreensão que vejo encerrar inúmeras lojas ditas do comércio tradicional.
O sector secundário já não existe, as poucas fábricas que havia na Zona Industrial da Pedrulha fecharam as portas deixando no desemprego milhares de trabalhadores.
Por enquanto, o sector de comércio e serviços vai proporcionando emprego aos conimbricenses.
Será que a cidade pode dormir à sombra da Universidade?
Sim e até quando?
Texto – Mário Nunes
Foi com profunda apreensão que esta manhã li no Diário de Coimbra o seguinte artigo:
« Café Central deverá ser substituído por pronto-a-vestir ou loja de lingerie
Gerente não quis confirmar mas é certo que o Café Central irá encerrar e no seu lugar nascerá uma outra loja, muito provavelmente do pronto-a-vestir ou de lingerie. Junta de Freguesia e Agência para a Promoção da Baixa lamentam a perda «de mais um café de referência da cidade»
É um dado adquirido. O Café Central, mais um espaço emblemático da Baixa de Coimbra, está fechado para obras e não voltará a abrir, prevendo-se que venha a funcionar no seu lugar um estabelecimento comercial dedicado a outro ramo de actividade, muito provavelmente uma loja de pronto-a-vestir ou de lingerie.
Luís Oliveira, gerente do Café Central, e também do Café Nicola, recusou-se a confirmar a informação ou a tecer comentários sobre o assunto, quando contactado pelo Diário de Coimbra, mas Carlos Clemente, presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, confirmou ao nosso Jornal que efectivamente o Central fechou portas e não voltará a abrir ao público com este nome, nem dedicado à restauração.
«Mais um café de referência da Baixa que se perde. É lamentável», reagiu o autarca confessando que «é com muita mágoa» que vê fechar mais um espaço emblemático da cidade, local de reunião de muitas pessoas da cidade e famoso, em tempos, pela venda de marmelada e “rebuçados” de fabrico próprio, conforme recordou Carlos Clemente, também ele frequentador daquele espaço, localizado na Rua Ferreira Borges.
O presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu não tem dúvidas: «se não forem tomadas medidas urgentes, a Baixa ficará cada vez mais descaracterizada e com nada que atraia as pessoas a visitá-la» e, por isso, considera que as entidades responsáveis terão que, rapidamente, fazer algo «para inverter esta situação». Carlos Clemente considera que é tão «grave que a Central deixe de ser Central» como o é que tivessem fechado o Arcádia ou a Brasileira, temendo que depois do Central, «vá o Nicola ou até o Santa Cruz».
É Coimbra que perde.
«Coimbra só perde com isto», advertiu, lamentando que mais um espaço carismático da Baixa seja ocupado por um pronto-a-vestir «ou por outra loja do género, iguais às que já vemos nos centros comerciais da cidade». É precisamente por aqui que se inicia o comentário de Armindo Gaspar a este encerramento. Sem querer meter-se «nas questões de mercado», o presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) considera que deveria existir a preocupação, quando se opta pela venda ou pelo trespasse de, pelo menos, «procurar áreas que não existam» nesta zona da cidade.
Neste caso, Armindo Gaspar diz que não o chocaria tanto se, em vez do pronto-a-vestir ou da loja de lingerie, no espaço do Café Central nascesse uma gelataria, «que é um ramo de actividade que não existe na Baixa e que, por isso, com certeza que clientes não faltariam». «Desta forma não havia uma descaracterização tão grande desta zona da cidade», continuou o presidente da APBC, confessando-se «preocupado, apreensivo e até triste» pelo fecho de mais um café de referência da Baixa e por «não haver capacidade para inverter esta tendência».
Seja como for, Armindo Gaspar diz que pretende levar a uma próxima reunião da APBC uma proposta para a criação de um gabinete, dentro da agência, que, à semelhança do que acontece em Santiago de Compostela, em Espanha, acompanhe este tipo de processos e encaminhe os negócios para «áreas que sejam mais importantes de desenvolver na Baixa de Coimbra». Isto aplicar-se-ia para vendas e trespasses mas também para a ocupação de áreas desocupadas da Baixa, explicou o responsável, adiantando que «a agência serviria de intermediária» entre todas as partes.
Quanto à notícia publicada recentemente no Diário de Coimbra de que a Câmara Municipal poderia apoiar investidores interessados em adquirir o antigo edifício do café “A Brasileira”, que neste momento está à venda, de modo a devolver-lhe as características culturais que fizeram daquele espaço um dos mais carismáticos da Baixa e da cidade, Armindo Gaspar comprometeu-se a também debater o assunto com os restantes membros da APBC de modo a perceber «o que é possível fazer para que tal se concretize».
1 comentário:
Gostei muito do texto, está muito bom.
Parabéns aos autores do Blog.
Enviar um comentário